Nestes
pequenas excursões de leitura que faço pela blogosfera, dedico-me a ler um pouco
de tudo.
Aliás
tenho o mau hábito de ler simplesmente, seja bom ou mau, leio tudo sem filtro.
Os temas vão dos mais intelectuais e maçudos aos mais corriqueiros e “leves”.
E como
tudo na vida, tenho o hábito de filtrar muito daquilo que leio e dou comigo a
meditar sobre algumas leituras que faço, não porque os artigo em si mesmos nos
induzam nessa reflexão mas porque inevitavelmente quando leio não fujo daquilo
que sou, um ser pensante, critico, e pouco dado a aceitar as coisas conforme-me
são dadas ainda que na maioria dos casos não me manifeste.
Um
dos grandes temas em voga na blogosfera nos últimos tempos, estão relacionados
com atividades domésticas e a melhor forma de gerir, assim como a melhor gestão
financeira para o fazer, já que os anos são de crise.
Começo
a ver uma grande procura por parte da geração de mulheres mais jovens em aprender
noções de culinária básica, orçamento do lar, como melhor gerir e programar a
limpeza de casa, noção de nutrição em paralelo com a confeção de refeições económicas,
etc tudo temas que pareciam em desuso e menosprezados.
Esta
geração, que procura estes conhecimentos, parece-me ter sido educada por uma
outra geração, que frequentou na escola uma unidade curricular lecionada até
aos anos 90 com o nome de Economia doméstica.
Isto
para quem teve o privilegio de frequentar a escola para lá da 4º classe, aos
restantes, tal como o caso da minha mãe, aprendeu com a sua mãe que lhe ensinou
o que anteriormente tinha aprendido com a sua. E eu, a geração que veio a
seguir, que estudei, mas no meu tempo já não era lecionado a Unidade curricular
Economia doméstica limitei-me a aprender quanto a minha mãe sabia, completando
o meu conhecimento porque os tempos são outros e as necessidades também. Porque
na minha casa não se lava loiça à mão, o aspirador não é novidade, bimby e
outas coisitas já são a minha realidade. Mas foi com a minha mãe que aprendi a
coser um botão , a picar cebola, a escolher feijão, a desinfetar uma salada, a
sair de casa com a cama feita, etc.
Pergunto-me
que aconteceu às restantes mulheres na minha geração? Porque dou comigo a ler
artigos tipo: ”nunca deitar sem lavar a loiça e deixar a cozinha arrumada” e a
seguir vêm comentários de umas 30 leitoras a dizer: “fantástico, fabulosa
ideia!”
E eu
fico tipo: Ah??!! Como? Mas há alguém que não saiba isso?! Descobriram a pólvora?
E
dos blogues saem a seguir para publicações de livros, não posso deixar-me de
perguntar se eu vivo num mundo real, e começo a suspeitar que a minha geração não
sabe fazer nada, o que é que vai ensinar à geração que educa? Será que serão
competentes o suficiente para ensinar os filhos a pregar um botão, fritar um
ovo, confecionar uma simples sopa?
E
antes que alguém me pergunte, eu esclareço, os livros ao que me parece falam de
coisas básicas mas uteis e têm bons conselhos (é certo que não tenho nenhum,
mas pelo que ouvi falar do conteúdo julgo não estar errada), não me choca as
publicações dos mesmos, as autoras e editoras foram inteligentes de oportunas
na sua criação e publicação, o que me faz confusão é a tanta necessidade dos
seus conteúdos.
Por
mais, leviandade e ironia eu esteja aqui a tratar desde tema, a verdade é que é
preocupante porque se esta geração anda
tão à “nora” quem ensinará as gerações mais novas coisas simples que eu aprendi
com meus pais, coisas como lavar as mãos com regularidade por causa dos germes,
comer frutas e vegetais, entre outras lições.
Coisas
básicas de bom senso, até porque numa geração em que a obesidade infantil e
doenças cronicas como os diabetes são uma realidade a combater é necessário e
importante ensinar aos jovens a produção das refeições com alimentos bons e
nutritivos. E eu digo jovens propositadamente, porque cozinhar e organizar a
casa é tanto para meninas como meninos.
No
meu lar, na família que eu construí, tal como na casa dos meus pais, essas
coisas se aprendem e ensinam pelo colaborar nas atividades quotidianas.
Há interação
em casa nos afazeres domésticos, desde tarefas mais pequenas às maiores e mais
demoradas. Umas aprendizagens são feitas com mais sucesso que outras, mas a
semente fica na terra e nem sempre brota na mesma estação.
É em
conjunto que muitas vezes elaboro a ementa semanal, aceitando sugestões mas
também passando responsabilidade de que a ementa não é preencher um quadro com
as refeições que mais gostamos, mas passando a mensagem da importância de uma ementa
variada que inclua todos os alimentos de todos os grupos alimentares da Roda
dos alimentos em proporções ao tamanho da secção da mesma, tal como estudam na
escola.
Na
minha casa, existem três quartos, o meu e mais um para cada filhote. A minha
cama faço-a eu por norma pois sou a ultima a sair de casa e por isso sou a
ultima a levanta-me. Ao fim de semana já não acontece, quem por ultimo se
levantou que a faça. Não faço as camas das crianças, isso é responsabilidade de
cada um. A mais nova tem a ajuda necessária para mudar os lençóis ao fim de
semana. Por aqui dividem-se tarefas e a mesa é posta pelos meninos, despejar o
lixo é tarefa do mais velho, limpar o pó é mais uma tarefa entre outras em que
colaboram.
Cozinhar
é tarefa minha, mas em dias de férias e fim-de-semana é uma tarefa levada a cabo
em conjunto, é prazerosa e uma tarefa divertida e tem por trás um propósito, o
da aprendizagem. Se questionarem a minha filha mais nova, tenho a certeza que
vos ensina a fazer a sopa preferida dela sem se esquecer de um único ingrediente,
ainda que a ela só lhe seja permitido descascar a batata e a cenoura porque é
feito com uma faca apropriada, é tarefa dela colocar sobre a mesa de trabalho
da cozinha todos os ingredientes como o grão , feijão verde, abobora e cebola.
Em
minha casa, faço por os meus filhotes aprendam a cozinhar, ou pelo menos a
desenrascarem-se, além de dobrar roupa, arrumar e limpar a casa, o tempo passa
depressa e um dia destes vão de malas aviadas para a universidade e vão estar
sozinhos e espero que sejam autossuficientes…
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